A estátua...
Paulo Sérgio disse, com a sua enorme mas só mais recentemente conhecida desfaçatez, que se as coisas lhe tivessem corrido apenas um pouco melhor, os vitorianos até lhe teriam "feito uma estátua".
O seu comportamento nestas últimas quatro semanas, fez-me recordar uma história de cobiça e traição, contada por Tolkien na saga d' O Senhor dos Aneis.
No essencial, a história era mais ou menos assim...
Sméagol e Déagol eram Hobbits, primos e melhores amigos, que viviam numa aldeia nos prados de Gladden Fields.
Um dia, quando ambos pescavam no seu barco, Déagol caiu à água e encontrou um lindíssimo anel de ouro no fundo do rio. Deágol estava radiante com a sua descoberta, mas erai Smeágol quem estava realmente enfeitiçado pelo anel ("the precious"). O deslumbramento e a cobiça fizeram com que Sméagol esquecesse todos os seus princípios e até a sua grande amizade pelo primo. Cego e obcecado pela ganância, não hesitou em fazer o que fosse necessário para conseguir os seus intentos. Smeágol matou o seu primo e assim se apoderou do anel.
"We wants it ! We loves it ! And he wanted to keeps it from us...", repetia para si mesmo, uma e outra vez.
Os Hobbits, em estado de choque ao saber da atrocidade cometida e estupefactos com a frieza glaciar de Smeágol, acabaram por o expulsar da aldeia, banindo-o para sempre.
O tempo, a solidão e a fome, transformaram-no numa criatura deformada e hedionda, que passou a ser conhecida pelo Gollum. Esquecido da sua antiga identidade, acabou por se convencer que o seu corpo era partilhado por dois seres distintos - ele próprio Gollum, e Sméagol, uma personagem que já não reconhecia. A criatura sofria de dupla personalidade, num conflito permanente entre a inocência de Sméagol e a crueldade do Gollum. Só assim se poderia justificar o facto de parecer sempre tão honesto numas alturas, e ser tão traiçoeiro noutras.
Inevitavelmente, a história de Gollum teria de ter um final trágico.
A sua obsessão pelo anel do poder acabou por lhe custar a vida, anos mais tarde, na lava do Monte da Perdição...
Pois bem, na dúvida, aqui está aquela que lhe dedicamos, feita em bronze para que o verdete lhe recorde para sempre a cor que o há-de levar, seguramente, à sua própria perdição...
José Rialto
http://miguelsalazar.blogs.sapo.pt/
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