Quase.
Faltou o quase.
Um bocadinho assim. A equipa claramente não aguentou a pressão e sucumbiu a duas jornadas do final. A Samp continuará na Serie B.
Trap, em entrevista exclusiva ao transatlântico, analisou a época.
Reporter - Sente mágoa?
Trap- Com a equipa um não absoluto. Sinto é que as arbitragens deixaram muito a desejar. Analisando a época, perdemos pelo menos quinze pontos em função de decisões erradas de arbitragem e isso é unânime para quem segui os nossos jogos. É bonito ouvir colegas de profissão a confirmar esta ideia.
Reporter- Mas o cenário de subida sempre foi o seu objectivo.
Trap - Triste aquele que não tem objectivos na vida. Um clube como a Samp tem que estar sempre na Serie A a lutar pelo menos por lugares europeus. Falhei o objectivo, mas sinto-me cada vez mais confiante que este projecto tem tudo para dar certo.Mais a frio e analisando a época, acaba por não ser demasiado duro. É certo que se não fossem as arbitragens como aconteceram mais uma vez em três dos sete jogos finais, possivelmente tínhamos subido. Um dia a justiça será feita e vencendo os melhores sem manobras de bastidores, certamente venceremos.
Reporter- Sente que os adeptos estão consigo, ou, por outro lado, estão descontentes com este desfecho?
Trap - Quem seguiu a equipa não pode ficar insatisfeito no seu todo. Praticámos bom futebol, marcamos muitos golos, em grande parte dos jogos demos espectáculo ofensivo. Acredito que os adeptos mereciam uma alegria, mas infelizmente há coisas que não podemos controlar.
Reporter- Refere-se novamente ás arbitragens?
Trap - Sim. Mas sobre isso já disse tudo. Gosto muito pouco de discursos repetitivos.
Reporter- Em caso de subida, pensa que tinha plantel suficiente para aguentar a superior competitividade da Serie A?
Trap- Há que dizer a verdade. Não teríamos nunca profundidade suficiente no plantel para mais do que tentar assegurar a permanência na Serie A. Se calhar, foi bom termos ficado na Serie B. Permitir-nos-á retocar o plantel e moldar a equipa que vai subir e ter capacidade de rotinas para daqui a dois anos lutar por lugares europeus. A manutenção acaba por nos permitir rotinar os jogadores. Com quatro ou cinco contratações e metodologias adquiridas, estou certo que a Sampdória será uma autêntica revelação daqui a dois anos.
Reporter- Quer dizer que acaba por preferir manter-se do que ter subido? Parece-me um discurso, digamos, contraditório.
Trap (que sorri) - Não queria lutar pela permanência para o ano e montar uma equipa para não descer. Acaba por ser lógico e estou certo que quem percebe de futebol me entende. É muito mais fácil criar rotinas entre os jogadores vencendo as partidas do que lutando por pontinhos, que era o que iria acontecer na Serie A. Por vezes a emoção torna-nos refém das nossas atitudes. Prefiro contratar dois bons laterais e um homem golo, quiçá contratar mais um bom médio numa fase posterior. Temos um plantel jovem que joga bem à bola e levando as bases da segunda para a primeira fará de nós uma equipa de respeito.
Reporter-Digamos que quer semear para depois colher?
Trap- Exactamente. Semear as plantas, cultivá-las um ano e vê-las explanar-se em grande no relvado em dois anos.
Reporter-Algum rival lhe parece nas mesmas condições?
Trap-O Nápoles. Digo isto porque conheço perfeitamente o seu treinador e sou capaz de apostar que o meu discurso da permanência ser positiva para os tais mecanismos ir de encontro aos seus ideias. Acredito que ele pensará o mesmo. O plantel do Nápoles, retocado e com tempo de treinos, sem grandes mexidas de plantel subirá connosco. Quanto às equipas que desceram da Serie A, parece-me que vão ter que lidar com os problemas financeiros dos ordenados que pagam e apesar de serem fortes candidatos à subida, nós também o seremos.
Reporter- O Verona subiu. O que perspectiva?
Trap- E acabou incrivelmente por tremer quando ninguém esperava. (sorriu)Presumo que terá muitas dificuldades para se manter. No futebol tudo é possível, mas quer o Verona quer qualquer outra equipa da Serie B que tenha subido este ano só poderá pensar em lutar pela permanência.
Reporter- O Lecce foi a surpresa.
Trap- É futebol. Mas não queria estar no lugar do seu treinador. É um marco histórico irreparável. Não queria de forma alguma usar a palavra vergonhosa, para a campanha da equipa, mas as palavras existem para serem expostas. É uma vergonha para o clube, os adeptos e o seu treinador.
Reporter- Alguma mensagem para os adeptos?
Trap- Acreditem que teremos uma verdadeira equipa, ganhadora e com jogadores que merecem vestir esta camisola. Só necessitamos de mais quatro jogadores já identificados para a próxima época para poder afirmar que num ano, seremos uma equipa a ter em conta em qualquer estádio de futebol.
Reporter- Quer destacar algum jogador adversário? Algum jogador da sua equipa?
Trap- Adaílton "Il Salvatore" foi excelente. Na minha, Bolano e Turci acabam por ser agradáveis surpresas.
Reporter- Estranho não falar do Carlos Jacques.
Trap- Jacques não é surpresa para nenhum dos meus treinadores, colegas e amigos. Se todos sabem que ele é bom, só acredito que possa haver surpresa ao nível de golos marcados. É uma questão de colocação correcta em campo que por vezes não é aproveitada devidamente. Comigo no Grémio, onde ganhámos tudo, marcou 62 golos numa época. Na Sampdória, necessito dele noutro lugar do terreno, atrás dos dois ponta de lança. Só pontualmente é que jogará na frente.
Reporter-Algum jogador que deseja particularmente?
Trap- Um homem golo, tipo Adaílton ou Tsigalko. Já está identificado e acordado que virá. Estou feliz por isso. Teremos um ataque temível.
Reporter- Mesmo com Bazzani, Colombo, Rabito?
Trap- São bons, úteis, mas muito inconstantes. Falo de outro tipo de jogador. Está quase aí e será uma grande surpresa para o mundo do CM.
Reporter-Vê-se campeão?
Trap-Vejo-me na Serie A, onde seremos tudo menos uma surpresa.