Como sempre acontece, Ziad procedeu à entrevista de antevisão da época com Miguel Sousi Tavarini.
MST- Boa tarde Sr. Ziad. Antes de mais, deixe-me dar-lhe os parabéns pela excelente época que protagonizou. Vir da Serie B para a A e apurar-se para as eliminatórias da Champions no 4º lugar, ter o melhor ataque, o melhor marcador e o melhor jogador, demonstram um excelente trabalho.
Ziad – Boa tarde. Efectivamente, o nosso trabalho intensivo deu frutos. Os resultados foram surgindo, tivemos uma fase da época menos bem, conseguimos subir de rendimento e depois chegamos a quatro ou cinco jornadas do final em boa posição para alcançar objectivos que à partida eram impossíveis.
MST- Tirou alguma conclusão da época?
Ziad – Que no futebol não há impossíveis e que fomos os melhores.
MST – Há algum jogador que queira consagrar aqui?
Ziad – Não podemos ser hipócritas. Skalidis, pelos golos que marcou, esteve em destaque. De resto, todos jogaram a excelente nível, protagonizando um futebol ofensivo de grande qualidade. Repare, todos fizeram grande número de assistências e não houve um jogador que não marcasse durante toda a época. Fomos o melhor ataque da prova…
MST - Muito se tem falado das qualidades do miúdo Tobros. Titular aos 17 anos num clube como a Sampdória é um feito enorme. Depois, vê-mo-lo jogar e ficamos maravilhados. Estamos perante um verdadeiro craque. Está feliz com o rendimento dele?
Ziad - É um jogador fabuloso. Um verdadeiro fora-de-serie e vai demonstrar ainda mais as suas qualidades daqui para a frente. Não sou doido. Se lhe dei a titularidade foi porque acreditei sempre que iria estar à altura das suas responsabilidades.
MST – O momento que mais o marcou esta época foi o jogo contra o Chievo?
Ziad – O golo de Okoronkwo e os festejos do final. O coroar de uma época fantástica mas a vingança de termos perdido o primeiro lugar para eles na Serie B. Foi um resultado de justiça.
MST – O menos bom?
Ziad – Arrumarmos da Taça com a Juventus, que não foi superior a nós nos dois jogos e depois de uma primeira mão claramente falseada pelo José Pratas. O jogo contra o Piacenza em casa, em que fizemos 25 remates e eles 4 e perdemos por 4-2 foi torturante…
MST – Continua a perder nos duelos com o Nápoles. Alguma justificação?
Ziad – Do outro lado está uma equipa de excelente nível. Ganhou em San Siro, por exemplo. Talvez este ano possamos quebrar a malapata. No último jogo, por exemplo, perdemos por 3-2 e deixou um sabor amargo, mas é futebol e se eles marcaram mais golos é porque mereceram vencer. De resto, é CM e as contas fazem-se no fim, como tem sido sempre. Prefiro perder com eles sempre e continuar sempre à frente.
MST – Tem sido alvo de críticas por parte de alguns adeptos, treinadores e até alguma imprensa por insinuar que o objectivo para esta época passa pelos oito primeiros lugares. O que tem a dizer sobre isso?
Ziad – (Suspiro). Olhe, eu não estou aqui para passar férias. Se for para fazer algo mais estarei aqui para isso, mas neste momento sinto que ainda não temos o que devemos para assumir algo mais. É uma questão de princípios. Não estou preocupado com o que os outros dizem. Se houve alguém durante esta saga que os teve sempre no sítio fomos nós, que assumimos sempre objectivos arriscados. Agora, talvez seja a vez de outros lidarem com essa pressão porque nós não estamos a brincar quando dizemos que queremos ficar entre os oito primeiros.
MST – Fez as compras que pretendia?
Ziad – O dinheiro do orçamento veio tarde demais. É tudo o que tenho a dizer sobre isso.
MST – Quer dizer que não contratou os jogadores que pretendia?
Ziad – Quero dizer que contratei os jogadores que pretendia com o orçamento que tinha. Ponto final. O Patsatsoglu, por exemplo, ou o Djordjic, eram alvos.
MST – Seja sincero, Sr. Ziad. Não acha que deveria lutar por voos mais altos?
Ziad – Se deveria? Não. Se gostava, gostava. Há de chegar a altura em que vou assumir uma candidatura ao título mas ainda não é desta. Os adeptos que fiquem descansados que o projecto está a correr dentro da normalidade. Se houver renovação de mais um ano de Saga depois desta, analisaremos bem os nossos objectivos, que passarão pelo título. Esta época vai estar centrada na Liga dos Campeões. Se lá não formos, aí sim, assumimos ficar entre os seis primeiros…
MST – O que lhe parece o Verona? O treinador pouco ou nada tem falado…
Ziad – Não estou aqui para falar dos outros, mas prevejo grandes dificuldades para o Verona. No entanto, vão se manter.
MST – E o Lecce? Tem equipa para subir?
Ziad – Não me parece. Infelizmente. Talvez para o ano.
MST – E o Nápoles? Admitiu publicamente a luta pelo quarto lugar.
Ziad – Sim. Fiquei admirado, confesso. No entanto, tem boa equipa e estará sempre na segunda metade da tabela. Se calhar, este é o ano deles viverem com pressão. Até agora, fomos sempre nós pelas palavras que escolhemos… Além do mais, as somas avultadas que gastam fazem com que Araújo tenha o dever de lutar por um lugar superior ao já atingido. Nisso, ambos concordamos. Desejo-lhe sorte. A luta vai ser bonita.
MST – Considera algum dos reforços, potencias titulares?
Ziad – O Patsatsoglu tem mais vantagens por ser um jogador feito e porque o rendimento de Hoiland foi quase perfeito mas não foi perfeito. Djordjic tem que crescer, mas vai jogar muito. Todorov fará parte das escolhas.
MST – Permita-me insistir. Os adeptos da Sampdória exigem a luta pelo Scudetto. Aceita a ideia?
Ziad – Não são os sócios todos. São alguns, os mais fanáticos. Se calhar, eles têm razão, mas há que dar tempo ao tempo. Um dia verão a Sampdória no trono e isso é o que lhes posso prometer.
MST - Venceu o Olympiakos em casa por 2-0. Já venceu a Taça Abertura. A equipa está bem lançada?
Ziad - São jogos de início de época, mas gostei muito da atitude dos meus jogadores. Parece-me uma equipa segura de si, bastante mais homogénea. Estamos convictos que estamos a melhor... Mas os resultados não dizem nada. No fim, faremos uma análise mais real.
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