sábado, 13 de março de 2010

A insustentável leveza do seis.

6 jogos.
540 minutos.
O seis de 0 vitórias e 6 derrotas.
O futebol, hoje como há cinquenta anos, sempre foi uma espécie daquelas casas de espelhos das velhas feiras populares que distorciam as imagens. Exagera as virtudes e distorce os defeitos. Esta semana a Serie A foi um bom exemplo disso. No fim de tanta conversa surda sobre becos do futebol, surge o Verona e, de repente, a nossa memória colectiva resgata algum sentido. Mas, o que é se passa com o clube? A simples necessidade de fazer a pergunta coloca em causa a génese do seu motivo. Para todos. Adeptos e jornalistas que acompanham a equipa.

A globalização dos tempos modernos turvou todo este conceito de futebol. Hoje, o futebol baixa dos satélites para os relvados todas as semanas e entra-nos pela casa dentro sem pestanejar, ao ponto de transformar todas essas diferentes elogias e sentimentos num mero instrumento de mercantilista. É o tempo das “equipas globais”. O futebol “hermofrodita” que provoca o timing para "adaptação".
Vimos esta semana os jogadores do Verona jogar futebol, quando na época passada  “produziram” futebol. Não é mesma coisa. É muito diferente. Há como que um disfarce convencional na forma como surgem, andam ou falam. Muito diferente de quando estavam bem. No fundo, sentem que já não é naquele espaço que as coisas podem mesmo mudar nas suas vidas. Seis derrotas em seis jogos são dezoito pontos, onde reza a lenda serem necessários trinta pontos para o sossego e quando se têm apenas 32 jogos, e não 38, para o cumprir.
Fazer do Verona uma equipa no sentido de “pacto de grupo” tornou-se, desta forma, a grande missão de Rui Krino a partir de hoje. Mais do que um treinador, um gestor de emoções e um coreógrafo táctico. Porque não existe tempo para mudar hábitos. Sejam emocionais, a cabeça dos jogadores, sejam tácticos, a forma como têm jogado (Adaílton continuam em branco e Nikiforenko passa ao lado do seu próprio mito). Dilemas para além da quimera do ponta-de-lança, uma equipa com DUFF, BALASHOV, DIOP, ZEGARRA, MILEVSKY, NIKIFORENKO e ADAÍLTON não pode ter 0 pontos.
Tem-se esfumado na importância o jogador com “toque de midas” como o é Nikiforenko. Todas as grandes equipas precisam fundamentalmente de um criativo em grande forma. O que pode fazer Krino sem ter no espaço de terreno onde se faz verdadeiramente a diferença o alquimista, que acende as luzes da equipa? Tornou-se mais do que um “simples jogador” no onze inicial. Pelo que joga (com classe, á entrada da área, local do último passe para golo) e pelo que representa (o elo defesa ataque da equipa-globalização Verona). Nikiforenko é quase uma metáfora com duas pernas do momento do futebol "veronês", a encruzilhada (táctica e quiçá histórica) em que está a cair.
"Il Marzapi" Krino pegou na equipa para construir o futuro, mas tem de ganhar o presente. Isto é, o próximo jogo vale muito mais do que três pontos. Vale uma “certa ideia de futebol veronês”… Pode valer os próximo ano futebolítico. Seis são seis em qualquer parte do mundo.
Sete, por seu lado, serão sempre sete.
                
                                                                                                    Por Luigi Freiti Lobini.

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