Já lhe chamam de última oportunidade de Cunha para provar a sua capacidade como técnico no Calcio. Ano e meio depois de agarrar o Lecce, falhada a aventura da subida e com os conturbados dias no Lecce, entre a pseudo glória e acusações de incompetência por parte dos adeptos, entra neste defeso em Lecce com a missão de substituir o passado.
Todos os olhos do país da bota, continuam postos nele. Quando o Lecce escorregou na classificação e foi sucumbido para a C, muitos logo anunciaram a sua queda. O seu instinto de sobrevivência continua intacto e aos poucos Cunha voltaria a respirar. Tem a ver com a sua personalidade. Actualmente, o seu Lecce vive, no entanto, uma fase complicada, afundado numa falta de futebol profunda que levou á venda da estrela Duff. Em termos tácticos, o onze alterna entre o 3x2x4x1 e o 3x4x3. Em ambos os sistemas, o papel de maior relevo é desempenhado pelo médio-ofensivo Fábio, este muitas vezes transformado em falso avançado. Faltou, no entanto, um todo para acompanhar Fábio e um renascido Salgado no ataque, pois Chevanton, muito pesado mentalmente, revelou pouca vontade de jogar na C e saiu.
Salgado. Até que ponto fez falta na A para o Verona? Na minha opinião, jogar na C e na A, não é a mesma coisa. Krino terá feito teoricamente bem ao emprestá-lo quando pensava comprar um avançado de renome (falhando na compra de outro médio ofensivo, não sendo claramente um ponta-de-lança.)
Revelando pouca firmeza com a bola nos pés, o sector ofensivo carece, porém, de uma voz de comando vinda de trás. Paredes e um outro trinco jogam muito longe do Médio ofensivo.
No meio da tormenta táctica deste inicio de época, Fábio foi a única fórmula mágica que devolveu a ilusão a todo o grupo. Para além dos bonitos golos apontados, Fábio possui a irreverência criativa dos jovens talentos. Domina a bola com leveza, sorri quando ela está longe e nunca treme com ela nos pés. Em suma, tal como Cunha, respira futebol mas as coisas não tê corrido tão bem...!
O segredo pode estar em procurar dentro do plantel uma nova abordagem táctica. Seria demasiado cruel obrigar os jogadores a jogarem num esquema que em dois anos os afundaram numa nostálgica Serie C. Para ganhar, Cunha deveria apostar num 433 assumido, partindo de um 4-1-2-1-2. Não é com abertura de espaços e perda de noção de equilíbrio táctico que o Lecce vai lá. O treinador saberá isso, mais do que nunca. A pergunta é, terá percebido isso tarde demais?
Hoje começa a saga. A ver vamos.
Bruno Bianchi, Comentador Desportivo.
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