Como sempre, Rui Santi analisou os acontecimentos da Saga Transatântica. A reter, a análise que fez ao mundo da Sampdória. Como lhe é apanágio, não procurou palavras para a sua análise e disse o que tinha a dizer.
Verona de Rui Krino.
"Isto é tudo muito bonito, mas o investimento do Hellas não tem resultado na prática. São demasiadas derrotas para uma equipa que se quer manter e isso é inegável. Até podem não ser as derrotas que preocupem Krino, mas toda a gente vê que algumas exibições do Hellas roçam o paupérrimo para uma equipa recheada de nomes pagos a peso de ouro. Estamos numa fase do campeonato que a equipa já deveria ter identidade e não é essa a mensagem que passa. Se a culpa é do treinador? A culpa é de todos os que compõem o clube, desde os dirigentes aos jogadores e aos treinadores, claro está, mas Krino não pode ser responsabilizado sozinho, até porque não é ele que está em campo a sofrer golos aos 10 minutos de jogo como já é uma imagem de marca da equipa. Repare que foram gastos milhões de euros em contratações. Repito, milhões de euros e o que é certo é que os resultados desportivos não são de todo aceitáveis, tendo em conta que já era no início o plantel com menores lacunas e o mais composto da Saga. No entanto, ressalvo que ainda há muito campeonato e Krino, que tem mais uma vez dinheiro para comprar bem, tem todas as condições para garantir a permanência da equipa. Um central será certamente uma das suas prioridades, e entre um guarda-redes e um ponta de lança, penso que faz mais falta um ponta de lança na equipa neste momento.... já que um bom central resolveria grande parte do problema."
Sampdória de Bruno Ziad.
"A meu ver, a Sampdória é um case-study para o bem e para o mal. Para o bem, há que dizer que está nos lugares cimeiros como nunca esteve, foi formada uma equipa atacante e goleadora e vê-se vontade de ganhar. Tendo em conta o poder financeiro do futebol neste momento, e por muito que custe a algumas pessoas, acho que é de se louvar a forma como a Sampdória se apresenta tão competitiva. Está longe de ser uma equipa perfeita, mas isso deve-se à falta de capacidade financeira para ir buscar melhores jogadores e essa é que é a verdade. Hipócrita aquele que não tem coragem de dizer que a Sampdória é claramente a equipa menos bafejada pelo dinheiro e que não tenha coragem suficiente para dizer que com todas as condicionates está a fazer um jogo deslumbrante do ponto de vista ofensivo e de espectáculo para esta saga. Para o mal, a falta de estabilidade da instituição, que é simplesmente a única culpada pelos acontecimentos negativos: falta de investimento no clube, que depois se desculpa despedindo treinadores, uns atrás dos outros para camuflar a incompetência dos dirigentes que lá estão. Tenho pena, a bem do futebol, que assim seja, porque a Sampdória clube merecia outro tipo de tratamento. Há que dar mérito ao futebol praticado, independentemente dos resultados e há que dizer que para o dinheiro disponível, os sucessivos treinadores do clube fizeram na minha opinião um excelente trabalho em campo. Há muita falta de ética em Itália porque ninguém é capaz de admitir a competência mesmo tendo sido em situações financeiras tremendamente difíceis para formar uma equipa que pratica um bom futebol como aconteceu com os treinadores que passaram em Génova."
Nápoles de Jorge Araújo.
"O histórico Nápoles prometeu. É um facto. E se calhar, isso "obrigou" os adeptos a exigirem a subida quando o seu treinador, que na minha opinião é muito competente e anda nisto há muitos anos, sabia que seria difícil esta época ser a tal do sucesso anunciado. Não digo que não tenha capacidade clubística para isso, mas parece-me que ainda falta qualquer coisa na equipa. Penso que tem um conjunto de jogadores que lhe permitem lutar taco-a-taco com o Chievo, Vicenza, Reggina e Sampdória, mas é claramente uma equipa ainda em construção e com algumas lacunas graves. Um médio defensivo de classe, e agora que se fala em N´Diaye, são absolutamente vitais, assim como um lateral na direita tão bom quanto o lateral esquerdo Georgatos. O Nápoles não tem a mesma pressão de outros clubes para subir porque é dirigido por pessoas competentes e que sabem que uma equipa forte demora a construir, ainda por cima completamente das cinzas como se revelava o plantel há um ano e meio atrás. Araújo tem sido um homem correcto, frontal e fala o que tem a falar quando tem que falar. Agrada-me o seu discurso realista de quem sabe que é muito difícil treinar um histórico sem bases para alcançar os objectivos que os adeptos do futebol desejam, mas há uma coisa que tenho que salientar: não me parece que seja correcta a análise que Araújo faz relativamente ao rival Sampdória, pelo simples facto de que ninguém quereria estar há frente de um clube sem dinheiro e ter que construir uma equipa com muita dificuldade como foi o caso do seu rival. Ninguém pode concordar em dizer que Sampdória deveria dominar o campeonato porque ter nome de domínio é uma coisa, ter bases é outra. Estou certo que o Nápoles terá condições financeiras e humanas para estar lá em cima para o ano mas tal como a Sampdória nunca conseguirá dominar uma liga indominável, até porque para além das equipas que vão descer (Brescia, Palermo, Salernitana ou até mesmo o Verona), há que ter em atenção que a super equipa da Fiorentina para o ano vai estar na Serie B outra vez. Subir este ano seria bom desportivamente mas manter-se na B não seria tão mau quanto se diz... Porquê? Porque armando uma equipa rotinada e vencedora, chegaria a A como adversário de respeito.
Lecce de Nuno Cunha.
Tem feito o que lhe é naturalmente exigido. Desceu com um plantel com bons valores, formou uma equipa suficientemente forte para ser campeã mas demorou um pouco a adaptar-se há 3a divisão, o que também é natural. O Cagliari é que também tem feito e bem pela vida e compete ao Lecce continuar a jogar para vencer e chegar ao final da época na Serie B. Não se aceitará outro resultado para este clube e para este treinador, que tem a oportunidade de demonstrar que uma descida destas acontece uma vez de cem em cem anos. Fábio tem sido fundamental e a continuar assim, não se deverá manter muito tempo no plantel. Nuno Cunha é conhecido por ser também um treinador vendedor, o que faz com que qualquer jogador de desponte no seu balneário, seja um possível alvo apetecível para os rivais.

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