terça-feira, 4 de maio de 2010

A pressão de ser o Homem dos 30 milhões.

Luigi Freiti Lobini comenta o caso D´Alessandro.
"Entende-se o desejo de D´Alessandro em representar o Nápoles. Foi onde o 10 de Ouro foi rei e senhor. O peso do mundo sobre as costas, começou exactamente antes de atravessar o Atlântico rumo ao relvado contornado pelas 80.000 cadeiras do Sao Paolo. Foi muito dinheiro para um clube que se quer reconstruir. A pressão não consegue largar o 10 argentino, pelo simples facto de que quem o vê se lembra da badalada transferência e espera que ele resolva jogo atrás de jogo individualmente, o que não tem acontecido. Como outrora fez Diego Armando Maradona.

O rendimento do novo 10 tem sido absolutamente banal. Vê-se que é craque, que pensa bem o jogo, que lê as jogadas mais rapidamente que os outros... Mas esbarra na solidão do seu próprio jogo porque joga à frente de toda uma equipa, tornando-se refém dela. Mude-se o puzzle que se encontra em campo e talvez o corpo do jogador se solte.

Se 30 milhões foi muito dinheiro? Para o jogador que está em causa, e mesmo que o mundo não me entenda, talvez não. Não seja tanto dinheiro assim. O problema é que é um solitário Homem dos 30 Milhões, sem uma equipa de milhões a acompanhá-lo.

O treinador contratou-o na perspectiva de fazer a diferença e ter um nome de respeito no seu plantel, que pudesse, juntamente com Tsigalko, amedrontar as equipas antes mesmo do jogo começar. No entanto, parece-me que falta outro tipo de bases. A sustentação de ter outros jogadores da mesma galáxia não só atrás, mas aos lados, porque na frente, existe um mundo de magia com um nome bielorusso.

O tango argentino tem dançado muito pouco. A culpa, no entanto, não é do treinador. Como diria Pekerman, quem joga não os jogadores. Quem perde são os treinadores.
É difícil ver alguém valer 30 milhões e jogar sem alegria, da mesma forma que será muito difícil alguém desembolsar 30 milhões outra vez para dar a D´Alessandro a alegria de jogar noutro mundo futebolístico.

1 comentário:

Ziad disse...

Acreditem ou não, concordem ou não, deu-me especial prazer fazer esta "análise." Não está em causa, isto mais directamente para o Quim, nada em particular... mas achei interessante a cena, metaforar sobre o custo/rendimento do teu craque... que admito ter sonhado ter na minha equipa.