Depois de uma excelente campanha inicial na Serie A, Miguel Sousa Tavarini, convidou o treinador da Sampdória para o seu programa na Sici, onde foram abordados vários temas.
MST: Boa noite, bem-vindo ao programa. Sr. Ziad, a minha primeira pergunta é a seguinte. Tem tido uma relação algo conturbada com Araújo. Há algum motivo especial?
Ziad: Quando estamos a defender um projecto, é natural que o façamos com unhas e dentes. Não tenho por norma defender aquilo que é meu de forma incorrecta e a única coisa que nos difere é que temos diferentes formas de estar e de analisar o futebol.
MST: Gastaria 30 milhões por um jogador? Araújo tem sido alvo de chicota por parte de Rui Sargentão, o novo técnico do Hellas Verona.
Ziad: Sargentão é bem-vindo à saga porque diz o que tem a dizer, tal como eu. Sobre os 30, já disse que não, nunca o fiz mas provavelmente um dia o farei. São valores que pertencem a uma certa ambição que não existe no caso, pelo menos no discurso do senhor Araújo. Eu, se gastasse 30 milhões, mais 15 noutros jogadores, natural seria verem-me a ambicionar ser campeão e não jogo a jogo para manter. Se D´Alessandro vale 30 milhões, prémio de assinatura de um milhão e 240 mil mocas mês, o meu Jacques vale 50 e não os mesmos 30 que me foram oferecidos.
MST: Deixando de parte as estramjas especificidades psicológicas de Araújo de parte, qual foi a sensação de vencer o Inter e a Juventus?
Ziad: Não aconteceu por acaso. Fomos uma verdadeira equipa e foram resultados difícies de alcançar. Certo é que fomos os primeiros a conseguí-lo e não vejo que seja muito fácil para qualquer um dos adversários repetir esta façanha. O clube merece estar onde está, porque em campo está a demonstrar grandes qualidades. Não estou interessado em vencer a Juve e o Inter e perder dez jogos seguidos. Uma vitória vale sempre três pontos, mas nesse caso também valeu um pouco mais do inerente prestígio que já tínhamos.
MST: Muitos treinadores apelidam a sua táctica de ousada, arriscada para uma Serie A.
Ziad: Não seremos imbatíveis em qualquer táctica que possamos apresentar, mas eu gosto de entrar nos jogos para ganhar e jogar bem. Arriscamos muito na B e subimos quase campeões. Para chegarmos onde queremos temos que jogar ao ataque, aqui, na China, na Guatemala ou na Patagónia. O modelo de jogo é muito importante, as rotinas que desta vez não desfalquei, mas quero desde já salientar que quando as coisas não correrem bem, não me vão ver mudar a táctica. Serei fiel do princípio ao fim, mesmo que levemos algumas goleadas.
MST: Considera mesmo ter sido, até agora, o melhor treinador da saga, isso levou a críticas uma vez mais vindas de Araújo.
Ziad: Se não achasse não o teria dito. Fui acusado de falta de humildade, o que não me deixa nenhuma tristeza vindo de um senhor com perfil sem ambição. Skywalker era bem mais sério nas abordagens com a imprensa. Tenho sido o melhor e o objectivo é mesmo esse. Ninguém entra num jogo, numa saga para passar despercebido.MST: Mas acha que os outros têm menos capacidades?
Ziad: Essa pergunta é ridícula. Uma coisa é dizer que sou o melhor treinador da saga até agora, outra coisa é dizer que sou o melhor treinador de todos nós independentemente da saga. Tenho sido o melhor nesta e estou muito feliz por isso. Nenhum deles tem que provar o que quer que seja. Estamos todos ao mesmo nível, mas nesta tenho-me destacado. Repito, até agora.
MST: Skalidis tem provado na Serie A que continua matador, ao contrário de Tsigalko do seu rival que em cinco jogos ainda não festejou para a bancada a contar para o campeonato.
Ziad: Não será certamente um Adaílton na A, espero eu. Risos. Entendo que me pergunte sobre o Tsigalko porque era o único que todos eles apostavam, mas o futebol no CM sempre foi de descobertas e o meu maior gozo era sempre redescobrir talentos.Tsigalko é um menino de ouro para todos nós e voltará a marcar os golos dele mais tarde ou mais cedo. Mas muito sinceramente, Skalidis nunca lhe foi inferior, no entanto é muito mais difícil de contratar. O meu menino será sempre o meu menino.... ele não me é surpresa nenhuma, até porque jamais passaria 5 jogos do campeonato sem marcar.
MST: Nikiforenko está mesmo a caminho da Sampdória?
Ziad: É oficial. Compramos o seu passe por 15 milhões de euros. É um negócio arriscado mas tenho esperanças que vá voltar aos seus velhos tempos numa equipa que o receberá de braços abertos. Aqui, somos todos um.
MST: Muito se falava de Tobros, que ia ser titular, iria ser o Nesta grego, e o jovem praticamente não jogou.
Ziad: Há que dar tempo ao tempo. Tínhamos um início de época muito complicado e achei que as rotinas entre Grandoni e Oko estariam mais assimiladas para começarmos bem. O Tobros precisa de se inteirar da nossa realidade e ir entrando aos poucos. Provavelmente na segunda volta será titular como os outros.Não brinco se lhe dissesse que não o venderia por 15 milhões, e isso já diz tudo.
MST: Sente-se chegar à Uefa?
Ziad: Nesta época não. A acontecer, seria um momento histórico, mas trabalhamos para estar entre os 10 primeiros no final.
MST: Dizem que estava muito nervoso no arranque desta temporada.
Ziad: Sim, é verdade. Estava a arriscar na táctica que ia apresentar em Brescia para o arranque, mas quando cliquei em continuar, o nervosismo desapareceu e deu lugar a confiança. Antes de entrar em campo, Bolãno disse-me que iamos conseguir porque éramos os melhores e assim foi. Dois minutos depois, o Carlos lesionou-se para três semanas mas a confiança de todos já estava lá.
MST: Anseia por um Nápoles-Sampdória? As coisas não lhe têm corrido bem com o rival. 4-0 na época passada e o adeus ao título foi um momento marcante.
Ziad: Anseio por jogar em qualquer lado. Os 4-0 não foram mancantes por ter sido com o Nápoles. Perdemos o título e perdemos bem porque quisemos guardar para o fim algo que já podia estar resolvido. Do outro lado estava como está um grande treinador e uma grande equipa. Um derby como este tem sempre um resultado imprevisível. A minha vitória moral não foi, não é nem será ganhar ao Nápoles mas sim ser o melhor no todo da saga. Prefiro levar 5 do Nápoles e continuar como desde sempre à frente deles.
MST: Pode avançar com o nome do futuro jogador a juntar a Nikiforenko em Dezembro?
Ziad: Paredes ou Morten Gamst Pederson. Um deles será.
MST: Pekic tem sido elogiado pela imprensa, assim como Hugo Pinheiro.
Ziad: Não me admira absolutamente nada. Quando se compra, não é para fazer número.
MST: Como vê a época que o Verona, o Lecce e o Nápoles estão a protagonizar?
Ziad: Ainda é muito cedo para se tirar conclusões, mas tendo em conta dos discursos dos treinadores, está tudo como deveria. O Verona está nos lugares de subida e tem um renascido Adaílton, o Lecce mostra alegria em jogar à bola e está na frente... e o Nápoles dos milhões garantia a tão desejada permanência...
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